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  • Foto do escritorAldomar de Castro

Mala-de-Garupa

A modernidade, sobremaneira, coloca algumas pessoas em situações desagradáveis, com todo respeito, quero acreditar que seja por desinformação. Vamos analisar um procedimento que alguns “gaúchos”, normalmente, quando participam de reuniões ou festas promovidas pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho do Rio Grande do Sul, digo pelo MTG, porque sendo promovida por qualquer Instituição Tradicionalista filiada ao Movimento, a ele está representando. O nosso dicionarista Caldas Aulete informa: “mala, saco de couro, lona, madeira, oleado ou pano, fechado ou não com cadeado ou chave, em que se leva roupa em viagem, papeis ou outros quaisquer objetos”. Refere-se ainda ao Rio Grande do Sul quando cita: “mala-de-garupa, espécie de alforje que se põe na parte superior do lombilho ou do serigote”. A mala-de-garupa, no Rio Grande do Sul segundo descrição de Rui e Zeno Cardoso Nunes não difere do Vocabulário Sul-Rio-Grandense de Romangera Corrêa e outros informa que é um “pequeno saco com uma abertura longitudinal no centro, que se carrega na parte posterior do lombilho ou serigote, à guisa de alforjes, por baixo dos pelegos”. Agora sabemos, o que é uma mala-de-garupa. Serve para transportar gêneros de um lugar para outro. Era usada quando o camponês comprava determinados produtos na “venda”, hoje supermercado e transportava para a sua residência na parte posterior interna do lombilho, sob a badana e os pelegos. Esse é o local destinado ao uso da mala-de-garupa. Com o passar do tempo, as vilas e cidades foram abrigando a maior parte dos camponeses. As carruagens foram tomado o lugar das montarias e o veículo automotor substituindo aquele meio de transporte e a maneira de transportar as mercadorias também foi se afeiçoando a nova realidade e este objeto, mala-de-garupa, passou a fazer parte do Folclore Histórico. Portanto, mala-de-garupa é para quem se desloca a cavalo e, não no ombro dos que andam a pé e em determinados locais que não recomendam o uso desse objeto. A mala-de-garupa é para transportar mercadorias da origem destas, para a garupa do cavalo e daí para o local que se destinam. Não conhecemos nenhum registro de alguém portando mala-de-garupa no ombro em um culto religioso. O local não é adequado ao uso desse objeto. Vamos fazer uma comparação elementar, tosca e até, sobremaneira agressiva, pode ser que assim os usuários desse desatualizado objeto consigam ter noção do onde e como devem usá-lo. Que tal comparecermos a um espetáculo no teatro São Pedro, usando um guarda-chuva aberto e assim assistirmos a sessão? A mesma inconveniência cultural causam os que usam peças ou objetos fora da proposta de sua finalidade. Existem poucas coisas mais ridículas do que uma pessoa usar indumentária, peça de indumentária, objetos, adereços ou seja lá o que for, fora da proposta e da finalidade que se propõem. Quem usa um “traste” em local inadequado e alheio à sua finalidade, não fica mais nem menos gaúcho, tão-somente demonstra o índice do seu conhecimento.

CRESCENTE DE JULHO DE 2007

CALTARS – “TO”

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