
Aldomar de Castro
Farrapo
Foram chamados Farrapos,
Os Farroupilhas – Republicanos.
Defenderam por quase dez anos,
A Pátria, a nação, a liberdade.
Lutaram para diminuir a vaidade,
E a gana voraz do império,
que não administrava sério,
A Província Rio-Grandense,
Muito embora alguns pensem;
Que usavam o mesmo critério.
Brasileiros de respeito,
Honestos, bons e leais.
Extensão dos ancestrais,
Pacíficos como criaturas,
Guerreiros pela bravura,
Vaqueanos por conhecimento.
Rio-Grandenses de nascimento
E quem não era nato ficava,
Pela proposta que ecoava,
Um total descontentamento.
O movimento se instala,
No sangue nativo e Pampeano.
Temperado pelo Minuano
Com cheiro de liberdade.
Varrendo campo e cidade,
Em busca de um direito,
E pelo que não foi feito,
Nesta província sem dono.
Pois era total o abandono,
E os presidentes sem pleito.
De partido a movimento, e deste à revolução,
Bravos farrapos iniciaram a busca ideal.
Contra o poder e o desmando imperial,
Bento Gonçalves e Canabarro arquitetam,
Souza Neto e Teixeira Nunes, completam,
Com as tropas nativas e batalhas sem fim,
Garibaldi, Onofre Pires, com Gomes Jardim,
Acompanham Almeida e Mariano de Matos,
Bernardo e Marciano se inteiram dos fatos
Sob o som e ordem de um mesmo clarim.
O encontro da Azenha, foi o marco inicial
Entrada em Piratini e tomada de Rio Pardo.
A derrota em Rio Grande foi um fardo,
Para a brava e insipiente tropa caudilha.
Restaurando Porto Alegre, Seival foi a trilha,
Da república almejada na província pampeana,
Alegria Farrapa, com imperiais na campana.
Na batalha do Fanfa, prendem, Tito e Bento,
Ficaram os farrapos num desolado lamento,
Até a fuga do Forte feito a nado e chalana.
A tomada de Lages; capital em Caçapava.
Garibaldi transporta o Rio Pardo e Seival.
Em campos Rio-Grandenses a Armada Naval.
De Patos ao Tramandaí vão os barcos em coluna
República Juliana e tomada de Laguna.
Combate do Taquari, indeciso sem sorte,
Muito frio, pouca pilcha e difícil transporte
Porto Alegre é titulada “mui leal e valorosa”,
O assassinato do vice desmoraliza a gloriosa,
E o duelo dos tauras culmina com morte.
Caxias assume o comando das tropas.
Com poder, recurso, mais um bom arsenal.
Alegrete aparece para sediar a capital.
Ponche Verde é combate, resultado indeciso
A revolta enfraquece pelo grande prejuízo.
Legalistas dominam a Província em chama.
O massacre em Porongos mais sangue derrama.
Quaró é o combate que dá fim ao almejado;
Sem arma, sem poncho, as vezes mal montado.
A paz em Ponche Verde, é Caxias quem proclama.
O ideal dos farrapos custou vidas preciosas.
Nuca foi atingido por motivos pessoais,
A miséria e o cansaço, antagoniza os rivais.
Assinatura da Paz, Ponche Verde é marcante.
Aos coronéis e guerreiros o Império garante
Os seus postos e alforria aos escravos libertos.
Liberdade aos prisioneiros em destinos incertos.
A república, e os anseios: não puderam alcançar.
Resistiram o que deu. Não conseguiram agüentar.
Sonhos desfeitos, miséria presente interesses encobertos
CHEIA DE AGOSTO DE 1999.
CALTARS – “TO”.